Esta é uma das vilas do norte alentejano que alia a riqueza da sua história e património à bela paisagem que caracteriza esta zona, englobada em pleno Parque Natural da Serra de S. Mamede.
O passeio que lhe propomos começa no Jardim Grande, local de frescura com abundantes sombras. Logo ali ao lado saindo em direção ao centro verá o edifício onde se localizava a butique Sombrinha, característica pela sua decoração que ainda que datada dos anos 70 do século passado, lembra a "art nouveau". Seguimos caminho passando pelo Largo dos Mártires da República, onde se encontra uma bela fonte novecentista realizada em mármore. Continuando pela Rua Bartolomeu Alvares da Santa, chegámos ao edifício dos Paços do Concelho. É um curioso palacete setecentista com torre de relógio e cujos acessos laterais se fazem por dois arcos que conduzem às escadas gémeas que conduzem ao piso nobre. A seu lado encontra-se o pelourinho, peça erguida durante o regime salazarista. Para seguir o nosso passeio proponho agora passar debaixo dos arcos dos Paços do Concelho e aceder à Praça D. Pedro V e junto à sua estátua, erigida para comemorar a sua visita à Vila em 1861, contemplar os edifícios que completam esta artéria.
Destaca na praça a igreja Matriz, sob o orago de N. Sra. da Devesa. Trata-se de um edifício enorme, concluído em 1873, em estilo barroco tardio. Destaque para a imagem da padroeira, situada no retabúlo da capela-mor, porventura da anterior capela alí existente (sec. XIV), pois apresenta características góticas.
Chega o momento de começar a subida me direção ao Castelo. Passando o
Passo da Via Sacra da Rua Volta de Santa Maria, entramos na zona
medieval da vila pela rua Santa Maria de Baixo e depois a de Santa Maria
de Cima. Todas estas ruas apresentam portais ogivais (sec. XIV e XV)
com interessante decoração nas impostas de algumas delas.
Chegados ao cimo da rua encontramos a Alcáçova, e antes de entrar nela,
ocupando parte da muralha do sec. XVII e num afloramento rochoso está o
monumento ao capitão de Abril Salgueiro Maia, natural desta vila. O
acesso ao castelo (gratuito) faz-se através de um túnel que conduz ao
pátio de armas, ao redor do qual se encontram algumas instalações
museológicas, bem como a Torre de Menagem. Quer desde as janelas da sala
com abobadas ogivais quer do cimo da torre tem-se a melhor vista sobre
Castelo de Vide.
Seguindo dentro da Alcáçova, na rua Direita encontramos a Casa dos
Matos, com o seu escudo heráldico no dintel granítico da porta, onde
reza a tradição oral se firmou o acordo de casamento entre D. Dinis e a
Rainha Santa Isabel. Nesta rua localiza-se ainda a antiga cadeia e mais à
frente o adro e igreja de N. Sra. da Alegria, com um curioso nicho
apainelado de azulejos seiscentistas onde repousa uma imagem mariana de
porcelana. Existe uma lenda,
que narra e recorda o devoluto convento situado ao lado. O seu interior
está coberto com azulejos idênticos aos do exterior e um rico retábulo
barroco. Ao fundo da rua encontra-se a Porta da Traição e continuando o
caminho de ronda encontramos os quartéis e mais à frente um curioso
recanto de um túnel sob um edifício medieval que muitos identificam como
antiga Casa da Câmara.
Deixando a Alcáçova dirigimo-nos agora para a Judiaria, formada pelas
ruas da Judiaria, Nova, do Arçario e do Mercado. Esta comunidade
estabeleceu-se nesta zona da vila após a expulsão dos judeus de Espanha
em 1492, tendo saído dela ilustres como Garcia d'Orta ou Jorge o Físico.
É curioso observar como existem duas portas para cada edifício, uma
destinada à habitação e outra ao comércio localizado no piso térreo. Em
alguma delas ainda se pode observar nas ombreiras direitas a concavidade
onde a tradição judaica mandava colocar a Mezuzah, estojo no qual se
encontrava um pergaminho com a inscrição do nome de Deus e no reverso a
primeira frase do Livro do Deuteronómio, denominado Shemah, que
significa escuta em hebraíco.
A Sinagoga medieval, localizada na rua da Judiaria, é sem dúvida o monumento maior desta localidade, distribuída por dois pisos. No superior o Tabernáculo e ao lado a sala dedicada às mulheres e a escola.
Agora para terminar o passeio em Castelo de Vide só falta descer a rua e descansar e refrescar-se junto à Fonte da Vila. Construída durante o reinado de D. João III. É uma curiosa peça constituída por alpendre piramidal sob o qual se encontram as bicas de água encimadas por um pilar retangular decorado com as armas reais, as da vila e dois meninos nas restantes faces. Sentar-se nas lajes da fonte, escutando a água jorrar imaginando estas ruas cheias de mercadores e seus clientes, entre bancas e lojas medievais.
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